sábado, 16 de outubro de 2010

Queridão,

Já gostei mais de Maria Gadú. Mas o excesso de exposição lhe foi pernicioso. E logo com Shimabalaiê, que é a música mais sem graça do disco. Lembro-me que isso aconteceu com Sozinho, composição de Peninha cantada por... Caetano Veloso (e eis que voltamos ao homem!). Era ligar o rádio e: "Às vezes no silêncio da noite..." Abrir a geladeira e: "... eu fico imaginando nós dois..." Tirar o telefone do gancho e: "... eu fico ali sonhando acordado..." Aaaaaaaaarrrrgh. Não há apreço pela música que resista a isso. Comecei a pegar uma certa birra que se estendeu para o resto do disco. Nunca mais escutei. Talvez seja um bom momento de soprar a poeira do disquinho e colocar pra rodar. Quanto às comparações com Cássia, hum... há uma semelhança, mas eu não diria que há um parentesco. É tão semelhante quanto, sei lá, Capital Inicial e Barão Vermelho podem ser semelhantes. A verdade é que nego começa a traçar paralelos porque as duas põem (no caso de Cássia, punha, no passado) banca de homenzinho.

Respondendo à sua pergunta rapidamente: não conheço nada de Air. O que me diz?

Conheci The Bad Plus num show no (lamentavelmente) extinto Mistura Fina. Dei a sorte de vê-los duas vezes: uma em sua formação tradicional, apenas com Reid Anderson (baixo), Ethan Iverson (piano) e David King (bateria), e outra com a adição de uma cantora muito peculiar, Wendy Lewis. Recomendo a audição, mas aviso logo: não é música para colocar para tocar e sair para cozinhar ou para ler jornal. Ponha para tocar alto e deite no chão. Ou meta um fone nas orelhas. Comece por Prog, disco que tem covers de Everybody Wants to Rule the World, do Tears for Fears, Life on Mars?, do David Bowie, e Tom Sawyer, do... Rush, de que você tanto gosta. Passe para For All I Care, o álbum no qual eles contam com a participação de Wendy Lewis. Atenção para a altamente lisérgica versão de Confortably Numb, do Pink Floyd. Desculpe se cito apenas os covers. Mas é a melhor maneira de ser fisgado para o mundo do The Bad Plus, para suas composições próprias. Aliás, vejo no site oficial que eles estão lançando o primeiro disco só com músicas originais. Ueba.

Do biscoito fino do experimentalismo para Andrew Lloyd Webber, que, sinto discordar, não é sensacional. É a farofa da Broadway, o Bon Jovi dos musicais. O que não significa que não possa ser legal. Pode, e muito. O Fantasma da Ópera é legal. Mas sensacional é um adjetivo que eu reservaria a Stephen Sondheim, por exemplo. Você viu Gypsy? Se não, e se estiver em São Paulo nos próximos dias, vá ver. Se não estiver em São Paulo, baixe a trilha sonora de uma das versões estrangeiras. Escute Rosie's Turn, a apoteótica música que encerra o espetáculo. E depois conversamos.

Ainda falando sobre musicais, na semana passada bateu na minha caixa de e-mails o release de Hair, nova produção de Charles Möeller e Claudio Botelho. Estreia dia 5. Estou ansiosíssimo para ouvir "this is the dawning of the age of Aquarius, the age of aquariuuuuuuuuus!" O que esses caras fizeram pelos musicais no Brasil não tem preço. Soube que Botelho fez, ao mesmo tempo (!), as versões de Hair e de Mamma Mia!, que vai estrear em São Paulo. É muito peito. E o pior (melhor, na verdade) é que provavelmente saiu bom. É o melhor versionista em atividade hoje no país. Poderia ser cabotino e dizer que falta concorrência, aí é fácil, mas acho que ele seria mesmo com mais gente no ramo.

Hoje verei Cats. Na segunda, verei os holandeses da Jazz Orchestra of the Concertgebouw. Trago impressões.

Garantiu seu ingresso pro Macca? Eu perdi.

Bração,

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