terça-feira, 12 de outubro de 2010

Meu amigo, Rafael Teixeira, essa pergunta não se faz.

Mas, hoje, fico com Chico e elimino Caetano. Sou um pouco distante de Caetano (ainda). Sempre tive uma relação mais forte com os mineiros do Clube, depois cheguei na Bossa Nova. Caetano e Gil, só pra colocar os dois aí juntos, ainda chegam a mim pelas coisas básicas. Nunca fui a fundo, por isso minha escolha. Agora, reconheço, sim, quando você diz da relevância de Caetano. Acho que ele, realmente, é o que desperta ainda muitas reações e opiniões quando lança - ou fala - algo. Mais do que qualquer outro artista brasileiro.

Confesso a você, meu caro, que, mesmo sendo do rock de carteirinha, não levo fé nessa onda dele. É boa mesmo? Sei que é muito elogiada, isso eu sei. Mas quando ouvi aquela faixa Rocks, achei ruim. Ali, de primeira, depois não voltei mais.

Aqui dei uma pausa no texto, fui ao youtube e assisti ao video, que continua sem me pegar. Aquele baixista gosta mesmo de estar ali no palco? Tenho minhas dúvidas.

Alguma coisa não me agrada nesses músicos. Talvez o fato de me remeterem a um rock que não gosto, de execução meio preguiçosa, desleixada, não sei bem. Eu gosto do rock bem tocado, rico, e com toques de virtuosismo quando a música pede. Acho que há uma necessidade de elogiar essa turma da Banda Cê. Eles fazem parte da Do Amor, não é? E um dia desses na televisão, Nina Becker tocava uma música de sofrer também com eles de banda de apoio.

Mas voltando a Caetano...

Valorizo a reinvenção, acima de tudo. Vejo a nova fase de Caetano positiva por esse aspecto da novidade, de sair da zona confortável, de se colocar num formato banda e mudar o som, fazer uma coisa com vida nova. Sim, esse ponto é totalmente a favor. E ninguém tira dele. Que outros poderiam fazer o mesmo? A renovação de Caetano vale. E tenho curiosidade de ver o show.

A coisa do rock bem tocado - e também da reinvenção - me leva, inevitavelmente, ao show de domingo passado, quando Rush deu uma aula de música na apoteose. São três - Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart -, mas fazem um som de muitos, você deve saber. Geddy usa e abusa de teclados e toca baixo como ninguém, beirando o fusion, e, em muitos momentos, com os pés aciona efeitos, baixos programados etc. Neil apareceu já na década de 70 como um dos maiores bateristas do rock e ainda é.

Pausa para uma curiosidade: Neil, na década de 90, com décadas de Rush nas costas e nada mais para provar, resolveu que deveria voltar a estudar e foi fazer isso com Freddie Gruber. Não é sensacional? Hoje, em seus solos ao vivo, há espaço para uma jam com uma big band de jazz já pré-programada, no melhor clima Gene Krupa e Buddy Rich -- recomendo uma navegada no youtube atrás dessas coisas, você que é do jazz.

Alex Lifeson, que completa o trio, é único. Sabe muito bem como ser um guitarrista de mão cheia e equilibra bem a balança sonora com os outros dois monstros. O Rush faz o uso perfeito da virtuose, que é sempre a favor, sempre para a música, sem exibicionismo gratuito.

E aí você olha para os lados e tem alguém fazendo aquela virada de bateria ou aquele groove de baixo ou imitando aquela voz aguda do Geddy. É bonito de se ver.

Um abração,

Ferdinando Nóimaier

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