quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Neuma,

Sei que você não perguntou, mas digo que, entre Chico e Caetano, fico com o segundo. Dos dois, é o que sempre me intrigou e segue me intrigando musicalmente. Reinventando-se, como você disse -- e isso não é privilégio de seus dois últimos discos. Ouça Transa ou Livro, dois de seus melhores trabalhos, o primeiro de 1972 e o segundo de 1997, para entender o que estou dizendo. Ou Circuladô, de preferência o ao vivo, com o auxílio luxuoso de Jaques Morelenbaum.

Sobre sua avaliação de que a Banda Cê é "preguiçosa" ou "desleixada", discordo, mas compreendo que ela evoque isso. Roqueiro não gosta do rock de Caetano. Conheço um fanático por metal (não, não vou dizer quem é) que acha Pedro Sá uma farsa como guitarrista. Não digo que seja o seu caso. E não é, juro, aquele papinho babaca de "você não tem ouvido para entender Caetano", longe de mim. Mas é a impressão que tenho: quem gosta do bom e velho róquenrol tende a não ter saco para essa onda roqueira do baiano.

Você fala de Rush, e... você me amaldiçoaria se eu dissesse que meu conhecimento (e, para ser franco contigo, meu interesse) por Rush se resume a Tom Sawyer? E, mesmo assim, por causa do MacGyver...  Aliás, falando em Tom Sawyer, procure a versão lisergicamente jazzística do trio The Bad Plus, conhecido por seus covers jazzy de hits como Everybody Wants to Rule the World, Smells Like Teen Spirit e Heart of Glass. Falo mais sobre a banda na próxima correspondência, se te interessar.

Ontem fui ver Cranberries. Dolores O'Riordan rulez, não é assim que dizem? Banda azeitada à beça, cheia de hits -- Linger, Ode to my Family, Salvation, Zombie. Ali pela meiuca do show, eles passeiam por algumas canções menos conhecidas, e o show dá uma ligeira esfriada no que diz respeito à resposta do público. Mas eles seguram a peteca legal. Bela apresentação.

Devo ver Cats, o musical de Andrew Lloyd Webber, no fim de semana. Taí algo que nunca soube: musical da Broadway está entre as ondas que você surfa? Eu tinha interesse zero, mas fui convertido por minha mulher. Se ela fosse roqueira, talvez hoje eu gostasse de Rush.

Abrá,

Raphael O'Riordan

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