quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

F.,

Essa história da caixa do Milton eu mesmo não sabia. Presumo que alguém em São Paulo tenha apurado e acrescentado à matéria. Se for mesmo verdade, acho ótimo, até para conhecer uma fase intermediária dele que eu ignoro -- conheço os discos iniciais, do Clube da Esquina, e algumas coisas mais recentes.

A sua questã com as inéditas em relançamentos é meio transtorno obsessivo compulsivo, não? Vou te mandar pro psicólogo do Roberto Carlos! Rapaz, eu não me encano com inéditas no relançamento, não. Me incomodaria se as inéditas estivessem no meio do disco, porque aí descaracterizaria a ordem original das músicas. Mas ali, no fim, não me incomoda.

Falando em descaracterizar a ordem das músicas, você leu a notícia de que o Pink Floyd ganhou um processo contra a gravadora, e agora sua música só poderá ser comercializada em álbuns inteiros, e não em faixas avulsas? Por um lado, acho bonito, honroso, coerente com a trajetória da banda, que inventou (se não inventou, cristalizou) a ideia de "álbum conceitual". Mais ou menos como o Bill Watterson, quadrinista, que nunca autorizou que seus personagens Calvin e Haroldo se transformassem em qualquer produto. Mas, sinceramente, em tempos de download ilegal desenfreado, me pergunto o que essa atitude significa na prática.

Gostei de Eli de cara, mas não parei pra escutar com atenção. Estou também com o segundo disco, Come and Get It!, no iPod. Transita na mesma linha do primeiro (tem clipe da faixa-título no Youtube, vê lá), essa onda meio soul, mas com o pé bem fincado no rock antiguinho. Cool.

Joy Division, muitos vão querer me bater, mas desconheço. Digo, sei do que se trata, já ouvi uma coisa ou outra, mas nunca escutei um disco inteiro. Não fui adiante.

Acho que ouvi mais Jorge Vercillo, que você classifica como um "artista honesto", e eu me pergunto se isso é uma qualidade... Honesto é o mínimo que eu espero que um artista seja. Não tenho ojeriza pelo Vercillo, mas não acho que só haja idiotas na plateia que o vaiou. Talvez a vaia tenha chocado pelo clima de celebração da ocasião, por ser um convidado do Mautner, que estava sendo homenageado, era o aniversariante... Mas, em princípio, acho que qualquer vaia legítima. Cada um faz sua música. Mas, por outro lado, cada um gosta do que lhe agrada. O que acho estúpido é esse comportamento de manada. Um bando de gente que nunca parou pra escutar direito a música do cara, mas que simplesmente foi contaminada pela pecha de "chato" ou de "sub-Djavan". Vaiar porque não gosta, tudo bem. Vaiar porque um monte de gente acha o cara mala, então ele deve ser, mesmo, aí é pra tomar cicuta. Sobre a sua pergunta final, acho que tanta gente odeia o Vecillo que a situação se inverteu: cool é gostar dele! Tipo "huuummm, o que esse cara tem que essas poucas pessoas conseguiram enxergar? Talvez o problema seja comigo..." Em tempo: se não leu ainda, procure o texto do Francisco Bosco no Segundo Caderno sobre o episódio da vaia. Esclarecedor.

Voltando às caixas, no momento estou desbravando duas: dos primeiros lugares da Motown (dez discos) e dos singles da Stax (nove discos). É de enlouquecer. Os melhores momentos são quando você esbarra em canções que você ouviu há zilênios, não sabia de quem era ou não sabia o título -- e, magicamente, elas aparecem ali, saindo pelos seus fones. Super Freak, de Rick James, é um grande exemplo. Dá uma googlada. Você talvez a reconheça como a música que o MC Hammer usou como base para U Can't Touch This.

Cansei de escrever. Volto depois da sua resposta.

Ah, em tempo: você viu que o próximo disco da Amy deve ter um dueto com Cee Lo?

Abraço,

R.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Meu amigo Teixeira,

Acabei de ler sua matéria sobre as caixas na IstoÉ e me animei em saber que vem coisa de Milton aí. Aquela dele, que saiu uns anos atrás, perdi na época. É interessante - e custoso para quem compra - o mercado das caixas, mas ainda sou novato. Tenho uma da discografia do Led Zeppelin em mini elepês, que são réplicas dos originais. É linda. Veio via Amazon, numa compra baratíssima.

Agora, tenho uma coisa com os relançamentos: prefiro que as inéditas venham num prato separado, à parte, como os Stones fizeram nessa última edição do Exile. Acho chato quando as sobras entram ali no fim do disquinho ou - pior ainda - quando colocam algo ao vivo encerrando. Poxa vida, pera aí. Coloquem, por favor, sobras e coisas ao vivo num cd separado. Quero o cd como sempre foi. Você também tem isso?

E o que me diz do Eli Paperboy Reed?

Fiquei os últimos dias passeando pelo seu Roll With You. É algo roquenroul, né? Tem muito de soul, mas tem muito da vibração do rock ali das décadas de 50 e 60. Fiz essa leitura. Banda ótima, afiada e ele tem uma voz bacana. É pra ouvir alto, com as caixas gritando, num sabadão em casa. Bom, pelo menos foi assim que tocou muito bem anteontem. Na rua também funciona. É uma música que te coloca pra cima. Deve ser bom viajar numa estrada com o Paperboy de trilha.

Sim, já tinha lido algo sobre o Alucinações Musicais. Parece interessante mesmo. Esse caso epilético me lembrou o Ian Curtis, do Joy Division, que tinha aquela dança estranha e, na verdade, estava tendo uns surtos de epilepsia ao som da banda, algo assim. Li isso esses dias pela internet, não sabia. Na verdade, esse fim de semana dei play inúmeras vezes na - manjadíssima - Bizarre Love Triangle. Em seguida, comecei a ler sobre o New Order, que nunca ouvi de fato, e assim cheguei naturalmente ao Joy Division. Não sei se você gosta, mas me pergunto: como alguém gosta daquilo?

Queria levantar aqui uma pergunta também. Soube que Jorge Vercillo foi vaiado no aniversário de Mautner, no Circo, dias atrás? Não tenho nada de Vercillo, nunca ouvi um cd inteiro, e não me interessa, mas respeito, acho que é um artista honesto. Tento entender de onde vem essa coisa de vaiá-lo, não só no palco, mas em tudo que faz. Deixem o cara em paz. Cada um faz sua música.

Virou uma coisa cool detestá-lo. Não acha?

É por aí.

Miranda

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Roqueiro,

Você provavelmente está aproveitando o feriado, e eu aqui trabalhando. Mas vamos lá.

Lamentei não ter visto Mayer Hawthorne, mas, como te disse, estava sem condições de encarar um show no Circo naquela sexta-feira. Semaninha dos infernos. Suas impressões me animaram -- tomara que ele volte.

Rock pauleira, posso dizer, nunca foi das minhas. Nem quando moleque. Minha influência roqueira vem do meu irmão mais velho, que seguia mais por uma linha Led Zeppelin, Rolling Stones, essa turma. Trash metal, heavy metal, death metal, esses metals todos, para mim é só barulho. E, como se não bastasse, barulho desagradável e alto. Respeito quem gosta, mas acho um porre inominável. Gosto, afinal, se discute.

Você diz que não tem nada do Ney Matogrosso, e eu te pergunto: nem do Secos & Molhados? O primeiro disco é daqueles cuja qualidade permanece acima de qualquer suspeita mesmo hoje, quase 40 anos depois do seu lançamento. Músicas, letras, arranjos, tudo. Você provavelmente conhece boa parte das músicas, mas, se não conhece o disco como um todo, corra atrás. Já a carreira individual de Ney, admito, foi uma descoberta tardia para mim. O que é até meio incompreensível, porque eu era fã de Secos & Molhados havia algum tempo, então seria natural que meu interesse já tivesse se ampliado também para o Ney solo. Bem, acontece. Hoje, recupero o tempo perdido com o prazer da descoberta. Comprei a caixa com seus 15 primeiros discos solo (mais um coletivo, dele com João Bosco e Caetano Veloso, além de um de raridades), e alguns ainda nem foram abertos. Estou indo com calma.

Oliver Sacks, talvez você saiba, é neurologista, um dos mais respeitados do mundo, e autor de livros como Tempo de Despertar, que inclusive virou filme. Neste Alucinações Musicais, ele relata casos ligados a música. Como o do cara que foi atingido por um raio, sobreviveu e passou a desenvolver uma crescente obsessão por música de piano, tão grande que o levou ao divórcio, tendo inclusive aprendido a tocar e composto algumas peças. Ou de pessoas que manifestam sintomas parecidos com o de um ataque epilético quando ouvem música. Ou de pacientes que têm delírios musicais, como se uma orquestra estivesse tocando ininterruptamente perto deles, com casos de crises horríveis de insônia por conta disso. Ainda não terminei o livro, mas o que li até aqui é interessantíssimo. Em um dos capítulos, ele fala sobre algo que já deve ter acontecido com você (eu diria que certamente já aconteceu com você): quando uma música fica martelando na sua cabeça ao longo de horas, dias, às vezes. No livro, ele chama isso de earworms ou brainworms (vermes de ouvido ou vermes de cérebro), e relata situações em que o sujeito ficou semanas a fio ouvindo a mesma música ecoando. Imagine isso com, sei lá, É o Tchan. O horror, o horror.

Abração,

Jazzman

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Meu amigo,

Mayer Hawthorne foi muito bom. Casa cheia, bom repertório, pouco mais de uma hora de show e todo mundo muito satisfeito. Para quem comprou a cota do Queremos, como eu, o reembolso foi integral, por conta do Circo lotado. Ótimo, não?

Acho que Mayer fez o melhor show do pacote que incluía Amy e Janelle, mesmo que separadas em outro dia. Era tudo a favor dele - público em massa, uma sexta-feira, naquela onda do Circo, show solo, o clima de veio pelas nossas mãos do Queremos, enfim. E você sabe, sou muito fã do A Strange Arrangement, cd de estreia, que foi um dos que mais escutei em 2010.

Foram todas as faixas do disco e mais ótimos covers: What a Fool Believes, dos Doobie Brothers, fase Michael McDonald, de quem sou... fã; Mr. Blue Sky, uma ótima canção da ELO, do Jeff Lyne; e também Work to Do, dos Isley Brothers.

Ele tem presença, canta bem ao vivo - sai do falsete para sua voz natural muito bem -, tem uma simpatia e está à frente de uma ótima banda, The County, que é um quarteto com teclado, batera, baixo e guitarra. Os sopros são acionados pelo tecladista. Todo mundo animado, tocando muito, e colocando mais pressão no som - o cd me soa mais cool, mais leve, talvez pelo fato de Mayer ter gravado quase todos os instrumentos. Ou seja, ao vivo a coisa pega, tem a identidade de cada músico, fora o tempo de estrada - o cd saiu lá fora em 2009 e aqui sai semana que vem, pelo selo da Oi.

Saí do Circo feliz, independentemente do reembolso, com música de qualidade ecoando. A recepção do público foi calorosa, parecia que todo mundo ali escutava o som de Mayer há anos e anos.

Eu ando numa fase de rock pauleira nos últimos dias. Ganhei um dvd dos Big 4, que junta Metallica e Megadeth, que gosto muito, a dois que passo, Slayer e Anthrax, em um show na Bulgária. Os quatro são supostamente os gigantes do estilo. Imagino que seu contato com o heavy metal seja zero, não sei nem se chegou a curtir lá com 14, 15 anos, quando é mais fácil cairmos para esse lado da força. Mas eu caí e continuo, de forma mais... selecionada. E eles convivem bem com o resto.

Não tenho nada de Ney, vou atrás do último ao vivo, como um começo.

Fale do livro.

Abração,

Fernão da Costa

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Queridão,

Fiquei na função nos últimos dias, cobrindo a tragédia das chuvas na Região Serrana. Chocante, mas não surpreendente. Quem não adivinharia? Mas vamos falar de música, para aliviar um pouco o horror de tudo isso.

Vi, como você, a primeira apresentação de Amy Winehouse no Rio, a de segunda-feira. Por tudo que li, parece que a do dia seguinte foi melhor: um pouco mais longa, ela um pouco mais à vontade. Independentemente de comparações, o que vi eu adorei. Mas, claro, você sabe, as opiniões foram divididas. Reconheço que o show teve, digamos, características pouco comuns. A meu ver, porém, nada que possa ser usado como crítica.

Falaram que ela cantou por pouco tempo. Tenha santa paciência. Quem achava que veria um show de duas horas e meia, na boa, é mulher do padre. Disseram que ela não interagiu. Ora, pombas, isso é coisa de público brasileiro, que se ressente quando não o artista não fala em português tosco, não pede palminha, ou não canta um versinho e aponta o microfone pro público fazer coro com o verso seguinte. Reclamaram que ela foi embora sem dar tchau. Gente, isso é uma plateia de show ou a rainha da Inglaterra, para demandar tanta deferência?

O que vi foi uma cantora se comunicando à sua maneira com a plateia, sim, sorridente, sim. E autêntica, verdadeira, sem o blábláblá conceitual megaproduzido de Janelle (que não vi, cheguei atrasado). E -- o mais importante -- vi uma cantora. Quando ela decidia soltar a voz, percebia-se porque tanta gente a considera o que de melhor aconteceu na música pop nos últimos, sei lá, 20 anos. Foi antológico? Por um lado, não. Poderia ter sido melhor? Por um lado, sim. Mas faço minhas as palavras do Dapieve, em sua coluna de hoje no Globo: eu gostei de estar na presença daquele diamante louco. Reconheço a existência daquilo que as pessoas apontaram como problemas. Eu é que não vi nada disso como problemas. Que ela volte logo, ainda melhor.

Você falou em Lenine dias atrás, e eu não dei continuidade ao assunto -- o que faço agora. Gosto dessa coisa, na minha opinião, falsamente mais do mesmo dele, que você chama de "repetitivo" (entendo que você não falou com desprezo). Seu melhor disco ainda é o segundo, Olho de Peixe, em que ele tocou com o pandeirista Marcos Suzano, demolidor. É daqueles que você põe na primeira faixa e escuta até a última, sem pular nada.

Falando em Lenine, um de seus parceiraços, Pedro Luís, vai lançar CD solo, o primeiro. Ele que já gravou tanto com o Monobloco e com A Parede, agora se lança em voo solitário. Tenho boas expectativas.

Em casa, tem tocado o último ao vivo de Ney Matogrosso, da turnê Beijo Bandido (o CD. Ainda não coloquei o DVD). Vi o show no início do ano passado, e, já te disse, foi maravilhoso -- coloquei no balanço de 2010. Ney é do naipe de Caetano: eu sempre aguardo ansiosamente o seu próximo lançamento. No palco, então, é sempre arrebatador. Queria rever o show (está no Vivo Rio até amanhã), mas não vai rolar, infelizmente.

Vou passar Mayer Hawthorne. Tô cansado, não vou conseguir encarar um show no Circo. Me conte depois.

Em tempo: já te falei do livro do Oliver Sacks que estou lendo?

Bração,

Rafa

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Rafael,

Como você já sabe, fui ver Amy e deixei Jeneci para outra oportunidade. Um amigo ligou com dois ingressos sobrando e fui. Peguei um trânsito de filme catástrofe, daqueles que o cara do carro da frente salta, pergunta algo para o guarda, pega algo na mala... Demorei mais de uma hora só no trecho Copacabana-Leblon. Com isso perdi Janelle, que você disse ter batido pior na segunda audição, e eu queria tanto ter visto. Ela é boa.

Amy foi bem, apesar de curto. Quando cantou, sua voz soou bem na Arena, mesmo com o som embolado e abafado - achei que fosse privilégio de quem estava nas cadeiras lá de cima como eu, mas vi muita gente falando. Gosto do comportamento de Amy. Gosto dessa coisa meio aérea, em outro mundo, mas, ali, presente fisicamente e cantando bastante. É uma pena que todos estejam com essa lupa em cima dela, atrás do primeiro passo em falso, como fizeram com MJ ao longo das últimas décadas.

Foi boa a passagem de Amy.

Sexta tem Mayer Hawthorne e minha expectativa é grande. É um dos meus álbuns favoritos de 2010 e não imaginei que fosse vê-lo tão cedo, ou melhor, nem passava pela minha cabeça ir a um show dele até pintar uma foto no blog do Circo no segundo semestre do ano passado. Acho que, no fim das contas, ele ter sido pinçado para uma apresentação solo no Circo foi positivo. Sinto que será o melhor show dos três.

Penso no que estou ouvindo no momento para colocar aqui, mas com essa coisa do shuffle na pasta de músicas, acabo com a memória afetada, não há uma referência forte nas últimas semanas. Mas o last.fm me mostra as últimas coisas tocadas: Sam Cooke, Nina Simone, Otis Redding, Amy Winehouse, Ennio Morricone, Lenine, Mika, Pantera, Maxwell, Milton Nascimento, Preservation Hall Jazz Band, Joe Bonamassa e Aloe Blacc.

Abrasoul,

F

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Meu caro combalido,

Faltando apenas algumas horas pra o show de Amy Winehouse, a expectativa é alta. Parece que o show de Floripa foi legal, apesar de curtinho. Amy deixou a cargo do backing os vocais de duas músicas, e errou a letra de outra. Se o restante foi bacana, acho perdoável. Para quem veio se afundando em drogas nos últimos anos e comportou-se erraticamente (inclusive dando porrada em fã) em diversos shows, acho que estamos até no lucro. ACM disse que pareceu um "aquecimento" para as apresentações no Rio, como se estas fossem ser melhores do que aquela. Não sou tão otimista. Acho que vai ser na mesma toada, o que não é uma crítica. Como disse: se o que deu certo foi bom, fico satisfeito. E vamos combinar que é mais um na minha lista de shows de pé-na-cova (ela é mais pé-na-cova do que um Burt Bacharach ou um Sonny Rollins, né não?).

Aqui no Rio, Amy tem ficado reclusa no hotel, como você deve estar acompanhando. É do quarto pra piscina e vice-versa. Antes de desembarcar na cidade, parece que queria conhecer a Lapa. Vindo de Amy Winehouse, neguinho esperou pelo pior. Mas, à vista do público, até que a moça está bem quieta. No quarto, entretanto, parece que ela se torna a Amy de sempre. Quebrou algumas taças, móveis e enfeites. Roubou bebida alcoólica do frigobar do quarto vizinho. Em contraponto, no show de Floripa, fez a linha boa moça. Apareceu vestindo branco e bebendo aguinha, fazendo até gargarejo. Para mim, a explicação é simples: depois do Brasil, ela só tem um show marcado para 2011, em Dubai (não me lembro o mês). Aos olhos do público e do mercado internacional, ela tem que parecer capaz de segurar uma turnê para voltar a fazer shows. Ou seja, da porta do hotel para dentro é a boa e velha Amy porralouca; do hotel para fora, é a Amyzinha paz e amor.

Sobre o show de abertura: ouvi Janelle de novo em casa, e soou pior do que a primeira vez.

Em compensação, ouvi Frank, o primeiro de Amy, e é muito bom.

Em tempo 1: depois que sair dessa fase monotemática de Amy, falo sobre Lenine. Mas adianto que gosto.

Em tempo 2: minha resenha do disco de Cee Lo Green saiu na Rolling Stone deste mês. Prestigie. Nem que seja dando uma folheada na banca.

Bração,

Saudável

domingo, 9 de janeiro de 2011

Meu caro,

Fiquei semana passada no estaleiro, combalido... No fim de semana, embarquei para Itaipava. Uma sequência que me tirou aqui das correspondências. Sim, acompanhei as listas, todas com muito Jeneci, Tulipa e, nas internacionais, Arcade Fire, com seu The Suburbs, que achei bom e... longo.

Amy passou por Florianópolis, né? Você viu as impressões no blog do ACM? Disse que ela convenceu, algo como "passou de ano". Traga suas impressões, já que ficarei de fora - não me movimentei para comprar e agora ficou em cima, caro e longe. Amanhã, enquanto você se dá bem no soul classudo de Amy e no som bem feito - será que será fisgado? - de Janelle, eu estarei no Oi Casagrande atrás das ondas de Jeneci. Enquanto sexta teremos Mayer Hawthorne, que, segundo ACM, foi arrasador em Floripa.

Semana boa.

Hoje coloquei pra rodar Back to Black, dela, cd que por razões óbvias vinha meio esquecido, e é tão bom. Certamente uma das melhores coisas do ano 2000. O primeiro, Frank, não estou muito por dentro, mas está aqui na fila, para ouvir. Não é recomendável fazer isso antes de show a que não vamos, mas não tenho saída. É Amy por todos os lados. Torço, mesmo, pela volta por cima. Precisamos de um sucessor de Back to Black, logo. E acho que ela é capaz.

No blog do - de novo - ACM tem um video de uma nova e interessante Boulevard of Broken Dreams. Ok, que filmada naquelas qualidades de câmera no meio da plateia, mas dá pra sacar um clima.

Na viagem em família do fim de semana tocou muito Aquilo que Dá no Coração, tema do Lenine que abre a novela Passione, das 8. Pegada bem pop, mas com aquela identidade de Lenine. Saiu nesse cd com faixas dele para trilhas, deve ter caído aí.

Não sei se já falamos de Lenine por aqui, mas é um compositor/artista que me traz uma coisa muito boa. Muitas vezes Lenine soa Lenine, quase repetitivo, abusando das mesmas fórmulas - o violão batido, por exemplo -, mas é ótimo mesmo assim. Acho o Acústico MTV excelente, com arranjos muito bonitos e um repertório escolhido a dedo. InCité, o ao vivo anterior, também. Aquele formato de trio tem uma sonoridade especial e que voz tem a Yusa, baixista, no número solo.

Abraço,

F

ps.: Ontem, na correria, não chequei, nem atentei, para a tal Boulevard of Broken Dreams, que vejo hoje na capa do Segundo Caderno, na matéria do ACM, ser um standard, de Al Dubin e Harry Warren. Não sei agora se me recordo de alguma versão da música, vou atrás.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Rapaz,

Orkestra Rumpilezz rodou um bocado na época em que recebi o álbum, mas acabou soterrado pelos discos seguintes na (sempre longa) fila, e ficou pegando poeira na estante. Talvez seja um bom momento de resgatá-lo. Já Lenny Kravitz é muito barulho por nada. Para mim, caso típico de sujeito que tem talento, mas o usa para um repertório que nunca me tocou. Lá em casa é Fé na Festa, o novo de Gilberto Gil, que continua tocando, com uma notável modernização dos ritmos de São João -- sem ficar mudernoso.

O que me leva às obrigatórias listas e retrospectivas de fim de ano nos jornais e revistas, que você, como bom jornalista e musicófilo, decerto acompanhou. Este disco de Gil foi apontado por Mauro Ferreira em seu blog como um dos destaques do ano. Entre lembrados tanto por mim quanto por ele, coincidiram Tulipa Ruiz, Roberta Sá, Silvia Machete e Pato Fu. Flor de Fogo, o tal disco de Chico Pinheiro do qual falei (mas que não entrou no meu balanço de 2010), é outro estava na lista dele, assim como na da Veja. Marcelo Jeneci, que você tanto elogiou, também entrou na lista do Mauro. Falando nisso, li na internet que a Rolling Stone (que sai nesta próxima sexta-feira) apontou o disco de Jeneci como o segundo melhor nacional do ano, perdendo para... Efêmera, de Tulipa.

Ambos, por sua vez, estavam na lista dos melhores do Globo, publicada numa edição que merece um parágrafo à parte. Duas ausências me chamaram a atenção na retrospectiva: as dos shows de Beyoncé e de Paul McCartney. Não que eu ache que ambos deveriam estar na lista dos melhores shows do ano (o de Beyoncé certamente não deveria, por mais grandioso que tenha sido). Mas havia um texto na página dois para apontar o que de relevante aconteceu no ano. Beyoncé, se bem me lembro, sequer foi citada. E Macca foi mencionado absolutamente en passant, e mesmo assim apenas como um dos shows que o Rio perdeu para São Paulo. Um ex-beatle em sua provável última passagem no Brasil não merecia uma menção mais robusta? O show de Paul McCartney representou somente um que não veio para o Rio e aconteceu em São Paulo? Achei estranho.

Em tempo: uma semana para Amy!

Bração,

R.

PS: Kanye West fica pra próxima. Não ouvi o disco até o fim.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Salve, salve,

Cá estamos em 2011. A renovação faz parte.

Quero muito ouvir esse cd do Chico Pinheiro, músico que acompanho ainda meio de longe, preciso chegar mais perto. A minha última surpresa de 2010 ainda toca - e muito. Nunca imaginei que fosse ouvir tanto Lenny Kravitz na minha vida. Sempre soube, claro, que ele teve um bom começo, gravando bons álbuns no início da carreira, na virada dos 80s para os 90s, antes de desandar pelo pópão descarado, mas nunca fui atrás. Como disse em outra correspondência, arrematei dois ali na combalida Modern Sound e levei para casa. Não me arrependi. Não sei se algum dia já tocou por aí.

Também rodou bastante no fim de semana o Ray Charles que recomendou. Excelente álbum. O dueto com Johnny Cash é mesmo uma surpresa das melhores. E outras, que agora, sem o cd aqui na firma, fica difícil de destacar.

Acabei deixando um shuffle geral da pasta de músicas rolando no fim de semana. É um vício isso. Ficar atento ao que vem depois, deixar ser surpreendido com as variações bruscas de mood... E como dever de casa para o início desse ano está o cd do Letieres com a Orkestra Rumpilezz tão elogiado. Chegou nele já?

A música que tocava nos últimos segundos de 2010 e primeiros de 2011 era Also Sprach Zarathustra, na clássica versão de Deodato. Foi um bom começo. O DJ sabia das coisas, tinha um repertório afiado e esperto.

Vamos em frente.

Um abraço,

Nóimaier

ps.: você tinha falado algo de Kanye West. E aí?