sábado, 2 de outubro de 2010

Grande Rafael,

Obrigado pelo convite, em primeiro lugar. Vamos dar início à nossa conversa musical. Acho difícil, sinceramente, que o filme de Louis venha, mas poderia vir com a trilha embutida, né? Será que não vai rodar o mundo assim?

Essa história do Ouro Negro, via Marsalis e Adnet no Lincoln Center, lembrou-me o começo da minha história com Moacir Santos, em 2006. Em abril, fui assistir Wagner Tiso, no Canecão, e na mesa eu estava acompanhado de amigos, desconhecidos e - que sorte - Milton Nascimento. Ainda antes do show, no telão, a casa anunciava apresentações dos próximos dias e, entre elas, Moacir Santos com o show Ouro Negro.

Alguém na mesa perguntou a Milton: "Bituca, quem é Moacir Santos?".

Não lembro o que Milton respondeu, mas sei que, dias depois, eu descobriria a música de Moacir justamente pela brilhante voz de Milton em Navegação, no cd idealizado por Adnet e Zé Nogueira. Tudo mudou com aquilo e comprei o que vi pela frente de Moacir.

O tempo passou e alguns meses depois, em julho, lembro de meu pai me ligar falando que Moacir havia subido. Àquela altura, Moacir já estava no meu altar, junto com o próprio Milton e mais Stevie Wonder, Ennio Morricone, Peter Gabriel e outros. E eu só me perguntava: quem era esse Moacir antes? Ninguém conhecia esse artista fenomenal com nome de jogador de futebol? Como isso acontecia? O trabalho de Mario Adnet, Zé Nogueira e os músicos envolvidos para mudar isso foi louvável.

Sei que o papo é batido, de décadas, aquela coisa de vida lá fora e falta de reconhecimento no Brasil, mas é recorrente, não tem jeito. Minha monografia partiu daí e passou por gente como Newton Mendonça. Uma coisa meio dos esquecidos. E foi prazerosa. Mas perdi o concerto no Canecão, com o mestre presente. Lembrar disso, é de matar.

Um grande abraço,

F

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