segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Lek,

Começo pelo fim. Sobre a sua pergunta da proporção do quanto escuto de música nacional e internacional... não sei se saberia calcular. Meu primeiro chute é de meio a meio, com vantagem para a estrangeira. O jazz colabora muito pra isso, tocando a esmo no iPod. Mas talvez a explicação para isso, no meu caso, seja meio óbvia: há mais quantidade de música internacional circulando do que nacional. E, como meu interesse musical não tem nacionalidade como pré-requisito, acabo ouvindo mais material de fora. Não acho que se trate de uma preferência -- é mais uma questão matemática, só isso.

Meu conhecimento de Gnarls Barkley se resume a St. Elsewhere, o primeiro álbum dos caras, justamente o de Crazy -- que acho bom pra caralho, a música, mais até do que o disco, que acho bom, mas considero mais um daqueles superestimados, o grande fenômeno da última semana, à la Janelle Monáe. Mas lembro agora que, curiosamente, Crazy apareceu algumas vezes durante minha viagem a Nova Orleans. Em dois shows que assisti, de Kermit Ruffins, trompetista, e Big Sam, trombonista, rolaram inserções jazzy-funky da música. Mas, independentemente do que ache de St. Elsewhere, fiquei curioso. Vou atrás de Cee Lo Green, depois comento.

Tulipa (que, ao que parece, cortou o Ruiz do nome artístico), eu descobri muito por acaso -- e foi uma bela descoberta. Era um dos discos ainda no plástico que se acumulam lá em casa. Com tanta coisa que me chega, acabo deixando de lado aqueles que claramente devem ser esquecíveis, e vez por outra passam batidas, ali no meio de tudo, algumas pepitas às quais vale a pena dar atenção. Tulipa foi uma destas que pegou uma poeira antes de ser descoberta, tardiamente. E gostei muito. Vá além de Efêmera, corra atrás do disco inteiro. Marcelo Jeneci, não conheço. Dizem que é bom, eu sei, mas desconfio de tudo que é anunciado de cara como o disco do ano, capa do Segundo Caderno e tal.

Falando em disco do ano, não sei se é "o", mas certamente é "um dos": The Undiscovered Masters, com músicas perdidas do baú de Ray Charles. O Estadão deu cotação máxima neste fim de semana, e disse que, se você for comprar só mais um disco até o fim do ano, deve ser este. Não poderia concordar mais. Eu escuto esse cara e me pergunto por que diabos alguém ainda faz rhythm and blues depois dele. E me pergunto como músicas excelentes, com boa qualidade de gravação, podem ter ficado sumidas por tanto tempo. Tem até uma parceria dele com o Johnny Cash! É um caso de material do baú que não dá vergonha, manja? Bem diferente daqueles discos póstumos que você entende porque só foram lançados depois que o sujeito bateu as botas... O próprio Estadão também deu uma matéria sobre isso, com gancho no disco novo do Michael Jackson, cuja primeira música, chamada Breaking News, me soou irrelevante. Certas coisas, o melhor é deixar enterradas, mesmo...

Também me chegaram Viva Elvis, trilha sonora do espetáculo do Cirque du Soleil em homenagem ao Rei do Rock, com músicas deles com novos arranjos, absolutamente equivocados, diga-se; o novo do Jamiroquai, legalzinho, mas esquecível; e The Union, disco conjunto de Elton John e Leon Russell, que coloquei para rodar meio despretensiosamente, mas me levantou as orelhas em alguns momentos e merece nova audição.

E hoje tem Preservation Hall Jazz Band. Nos vemos.

Em tempo: Leffe, já te disse, é uma boa porta de entrada para as belgas. Aguardo uma opinião mais aprofundada.

Em tempo 2: vi Hair, o musical. Comento na próxima.

Bração,

R.

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