terça-feira, 23 de novembro de 2010

Rafael,

Hoje, terça-feira, 23 de novembro, se tudo correu bem por aí, já podemos falar que fomos ao show de Paul McCartney. E isso é muito, sem dúvida. Como você sabe, fui no domingo, ontem vivi e trabalhei como o zumbi por causa da missão. Escrevi, com esforço, um parágrafo sem graça no Som Imaginário, mas a verdade é que, diante daquele espetáculo, é tarefa árdua escrever um bom texto.

O que posso dizer, e postei hoje no tal do Facebook, é que toquei air guitar em Let me Roll It, chorei em The Long and Winding Road, fui levado para uma época que não vivi com All my Loving, me diverti em Ob-La-Di Ob-La-Da, dancei em Mrs. Vandebilt, toquei piano no ar em 1985, fiquei estático em My Love, pulei e pulei em Live and Let Die, cantei pra fora o refrão de Band on the Run e me juntei ao coro de Hey Jude. Isso resume um pouco da minha noite diante de um beatle. Foi um choque de emoções.

Vi o show inteiro destacado do grupo que foi comigo, ou seja, sozinho. Todos quiseram se infiltrar na muvuca enquanto eu, com 1,60m, como faço normalmente, fiquei lá pra trás, assistindo com auxílio dos telões e, em alguns momentos, na ponta do pé. Mas quem se importa? Eu estava no meio da turma que dançava de braços abertos, saía correndo para abraçar o outro, imitava quadrilha na levada de Mrs. Vandebilt. Fiquei num lugar privilegiado.

Foi histórico, memorável. As duas que não conhecia, do projeto paralelo Fireman, ainda bateram muito bem, muito. Não vou nem enfileirar destaques aqui, pois é perda de tempo. Mas isso me leva à questão de John e Paul, que falou na última correspondência. Sim, os dois se equilibravam e se encontravam nas diferenças. Mas fico com Paul também pela coisa da composição, da musicalidade. A música dele fala mais comigo. E sem esquecer aqui das belas contribuições de George, que foi bem lembrado com Something no show.

Gostei de um artigo, na Folha de SP do dia 18, escrito por Eduardo Giannetti, que traz um texto analisando justamente a coisa Lennon/McCartney e, em determinado momento, achei muito bem colocada a situação caso não existisse Beatles. O que Giannetti diz é que, em algum momento, os dois surgiriam. John na linha de Lou Reed e Leonard Cohen, os trovadores; enquanto Paul, claro, ficaria no lado dos magos da canção pop Elton John e Billy Joel.

Pedindo licença a Macca, vou falar do Cee Lo Green, ele é parte daquela dupla Gnarls Barkley, do hit Crazy, sabe?, então, acabou de sair seu álbum The Lady Killer, e recomendo. Normalmente, fico com pé atrás de tudo que lançam - culpa de nós jornalistas? - com a etiqueta "candidato a melhor do ano", mas fui atrás e não decepcionei. É parte do nosso estudo do soul. É um discaço. Acho que você deve pegar.

Aguardo suas impressões,

Ferdinando

E antes que eu esqueça: Ringo era ótimo baterista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário