quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

F.,

Essa história da caixa do Milton eu mesmo não sabia. Presumo que alguém em São Paulo tenha apurado e acrescentado à matéria. Se for mesmo verdade, acho ótimo, até para conhecer uma fase intermediária dele que eu ignoro -- conheço os discos iniciais, do Clube da Esquina, e algumas coisas mais recentes.

A sua questã com as inéditas em relançamentos é meio transtorno obsessivo compulsivo, não? Vou te mandar pro psicólogo do Roberto Carlos! Rapaz, eu não me encano com inéditas no relançamento, não. Me incomodaria se as inéditas estivessem no meio do disco, porque aí descaracterizaria a ordem original das músicas. Mas ali, no fim, não me incomoda.

Falando em descaracterizar a ordem das músicas, você leu a notícia de que o Pink Floyd ganhou um processo contra a gravadora, e agora sua música só poderá ser comercializada em álbuns inteiros, e não em faixas avulsas? Por um lado, acho bonito, honroso, coerente com a trajetória da banda, que inventou (se não inventou, cristalizou) a ideia de "álbum conceitual". Mais ou menos como o Bill Watterson, quadrinista, que nunca autorizou que seus personagens Calvin e Haroldo se transformassem em qualquer produto. Mas, sinceramente, em tempos de download ilegal desenfreado, me pergunto o que essa atitude significa na prática.

Gostei de Eli de cara, mas não parei pra escutar com atenção. Estou também com o segundo disco, Come and Get It!, no iPod. Transita na mesma linha do primeiro (tem clipe da faixa-título no Youtube, vê lá), essa onda meio soul, mas com o pé bem fincado no rock antiguinho. Cool.

Joy Division, muitos vão querer me bater, mas desconheço. Digo, sei do que se trata, já ouvi uma coisa ou outra, mas nunca escutei um disco inteiro. Não fui adiante.

Acho que ouvi mais Jorge Vercillo, que você classifica como um "artista honesto", e eu me pergunto se isso é uma qualidade... Honesto é o mínimo que eu espero que um artista seja. Não tenho ojeriza pelo Vercillo, mas não acho que só haja idiotas na plateia que o vaiou. Talvez a vaia tenha chocado pelo clima de celebração da ocasião, por ser um convidado do Mautner, que estava sendo homenageado, era o aniversariante... Mas, em princípio, acho que qualquer vaia legítima. Cada um faz sua música. Mas, por outro lado, cada um gosta do que lhe agrada. O que acho estúpido é esse comportamento de manada. Um bando de gente que nunca parou pra escutar direito a música do cara, mas que simplesmente foi contaminada pela pecha de "chato" ou de "sub-Djavan". Vaiar porque não gosta, tudo bem. Vaiar porque um monte de gente acha o cara mala, então ele deve ser, mesmo, aí é pra tomar cicuta. Sobre a sua pergunta final, acho que tanta gente odeia o Vecillo que a situação se inverteu: cool é gostar dele! Tipo "huuummm, o que esse cara tem que essas poucas pessoas conseguiram enxergar? Talvez o problema seja comigo..." Em tempo: se não leu ainda, procure o texto do Francisco Bosco no Segundo Caderno sobre o episódio da vaia. Esclarecedor.

Voltando às caixas, no momento estou desbravando duas: dos primeiros lugares da Motown (dez discos) e dos singles da Stax (nove discos). É de enlouquecer. Os melhores momentos são quando você esbarra em canções que você ouviu há zilênios, não sabia de quem era ou não sabia o título -- e, magicamente, elas aparecem ali, saindo pelos seus fones. Super Freak, de Rick James, é um grande exemplo. Dá uma googlada. Você talvez a reconheça como a música que o MC Hammer usou como base para U Can't Touch This.

Cansei de escrever. Volto depois da sua resposta.

Ah, em tempo: você viu que o próximo disco da Amy deve ter um dueto com Cee Lo?

Abraço,

R.

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