segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Neumayer, meu caro,

Os últimos meses foram tão bons, pessoal e profissionalmente, quanto enrolados. E esta troca de missivas ficou abandonada. Desleixo que tentarei não repetir neste 2012 que começa agora. Resoluções de fim de ano, pois é. Sem mais delongas, vamos ao que interessa: música.

As últimas semanas do ano foram com Recanto, o novo da Gal Costa com músicas de Caetano Veloso, tocando lá em casa. Já conversamos um pouco sobre o disco. Não posso dizer que seja ruim, mas o fato é que ainda não conseguir formar um juízo de valor preciso. A dúvida que me assolou de imediato, a bem da verdade, não foi quanto à qualidade do álbum, mas quanto a quem creditá-lo. É um disco de Gal com músicas de Caetano? Ou é um disco de Caetano com a Gal cantando? A ideia pode soar maquiavélica, mas a sensação é de que, ali, um tentou extrair algo que o outro podia dar. Gal atrás de uma lufada de ar fresco, de uma renovação de público, de contato com um público mais jovem. Caetano buscando um passo a mais em sua experimentação sonora, avançando sobre a eletrônica depois de um álbum de "MPBrock" (Cê) e um de "samba-rock" (zii & zie), utilizando como veículo uma cantora que nada tem a ver com esse universo. Quem saiu ganhando com isso? Ela? Ele? Ambos?

Adele, quem diria, começou a puxar o anzol mais forte. Vi uma entrevista da moça na Globonews e fiquei encantado -- que mistura precisa, e ao mesmo tempo tão espontânea, natural, sem vestígio de cálculo marqueteiro e deliberado, de diva inalcançável com moleca inglesa. E que risada escandalosa é aquela? Daí, embarquei no 21, que estava esquecido na estante, e... tem belos momentos. Ainda tenho a impressão de que ela é meio superestimada (mesma sensação que ainda tenho com relação a Janelle Monáe, de quem você tanto gosta). Seja como for, está acima da média. E, com mais algumas audições, quem sabe não passo a gostar ainda mais.

Você me perguntou sobre Pink Floyd, e a aquisição de 2011 para a discoteca foi a caixa Discovery, com toda a discografia dos caras. Lindona. Animals, que te agradou, é um ótimo disco, que acabou, circunstancialmente, meio empalidecido -- não é fácil ser o sucessor de Dark Side of the Moon e Wish You Were Here, menos ainda ser isso e ainda por cima o antecessor de The Wall. Mas é um álbum do qual eu gosto. Menos psicodélico, viajante e progressivo do que a imagem que temos da obra do Floyd. (Ah: não deixe de ler a matéria da Rolling Stone que está nas bancas, sobre Dark Side of the Moon. Bem interessante.)

Falando nisso, e o Roger Waters, hein? Graaaandes expectativas.

Assim como são grandes as expectativas em torno de três discos lançados em 2011, mas que ainda não escutei: o novo do Trombone Shorty, o novo da Florence + The Machine, o novo do Keith Jarrett (com o concerto que ele fez no Rio). Quando ouvir, dou notícias. O ano vira e não dá tempo de escutar tudo...

Abraço, feliz 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário