quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Neumayer, meu chapa,

A questão que você coloca tem sido recorrente, nos últimos tempos, em meus pensamentos sobre música. Entre o bom e o ruim, é claro que fico com o bom -- alguém não fica? Mas e entre um bom mais do mesmo e uma reinvenção que não cabe na dicotomia bom/ruim? O que posso dizer, correndo o risco que toda generalização comporta, é o seguinte: mais do mesmo, só se for, de fato, arrebatador (e aí, filosoficamente, eu diria que já deixou de ser mais do mesmo...). Do contrário, fico com a reinvenção. Nem que seja para ouvir e achar uma merda...

Sobre Recanto: até o presente momento, para mim, o disco é do Caetano,e não da Gal. I rest my case, como dizem nos filmes de tribunal.

Ouvi Kiwanuka, atendendo à sua sugestão. Quanto a certas coisas não há discussão: o cara é bom, sem dúvida. Entendo o que você quer dizer, e concordo com a distinção que você faz dele com relação aos outros representantes do tal do new soul (que, com certo orgulho, lembro que notamos antes da coisa ganhar a dimensão que ganhou). É cedo para eu avaliar qualquer coisa, escutei duas ou três músicas, mal e porcamente, mas me pergunto se não é justamente por Kiwanuka não ser nada disso -- nem retrô, nem açucarado, nem negroide, nem divertido, nem modernão... -- que ele acaba meio... diluído. Estarei sendo ranzinza? Ouvirei com mais atenção e te dou notícias.

Quem me chamou tremendamente a atenção foi Lana Del Rey. Ela é uma que, aparentemente, foge do que temos visto por aí no quesito cantoras. Não é rebolativa que nem Shakira e Beyoncé, não é eletro-gay tipo Madonna, Britney e Gaga, não é vozeirão tipo Adele e Christina Aguilera... E, no entanto, conseguiu uma identidade. Uma coisa meio musa retrô, etérea, surreal, evanescente. Paradoxalmente, a história dela até chegar aqui -- não sei se você leu a respeito -- é que inspira um certo pé atrás. Nenhum disco lançado, dois clipes lindos e superproduzidos, shows com lotação esgotada em minutos, aparições em programas de televisão, músicas na trilha de séries... E eu me pergunto o quanto disso foi pré-embalado por marqueteiros de vasta experiência (o próprio nome, Lana Del Rey, me parece pronto para vender, sabe?) e o quanto é talento genuíno. Espero, sinceramente, que a porcentagem maior seja da segunda opção.

Roger Waters será a minha segunda vez -- mas com sabor de primeira, porque é o show do The Wall, de cabo a rabo. Foi o primeiro disco do Pink Floyd que me pegou pelo colarinho (embora hoje goste mais de Dark Side of the Moon, que considero uma joia perfeita, sem qualquer ressalva). O que dizer? Será magnânimo, como foi o show anterior e como convém a Waters, um filho da puta sob certos aspectos, mas talentoso.

Neste fim de semana, verei Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci, em show duplo no Circo. Tulipa me agrada demais, mais até do que Jeneci (que, em certos momentos, vejo como um cara talentoso, sim, mas um tiquinho superestimado). Depois conto.

Queria falar de Michel Teló, mas deu preguiça. Por que será?

Beijoca no coração,

R.

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