quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Salve, meu chapa, 

Cá estou eu depois de um longo e tenebroso inverno. Adiante que hoje tem assunto.

Com relação ao soul brasileiro, não tem como errar. Vá de Cassiano, três disquinhos, apenas: Apresentamos Nosso Cassiano, Imagem e Som e Cuban Soul -- 18 Kilates. Do Tim Maia, os discos da caixinha da Universal são mais do que suficientes (dos oito, alguns, diga-se, são até dispensáveis, mas o que você precisa pra se embrenhar no assunto está lá). Ah, e não se esqueça da fase Racional do Tim. Daí, processado tudo isso, você parte pra Hyldon, Carlos Dafé... e quem sabe chega até ao Seu Jorge, que, goste-se ou não, é herdeiro disso.

Seu Jorge é o chato-legal (ou o legal-chato?). Não conheço o trabalho dele a fundo pra dizer grandes coisas. Mas essa pecha cool que ele adquiriu lá fora, sei lá, acho meio injustificada. E concordo contigo que o trabalho do Farofa Carioca sempre me soou mais interessante. E concordo mais ainda que, putsgrila, aquele disco com a Ana Carolina é uma das coisas mais desnecessárias da história da discografia nacional. Foi um dos que foi embora na limpeza pós-obra (sim, eu tinha!).

Não escutei o novo do Mario Adnet. Mais uma vez, é aquela história sobre a qual (acho) já falamos: ao mesmo tempo em que eu louvo o trabalho dele como recuperador de pepitas da música brasileira (Ouro Negro é o exemplo mais emblemático), lamento que ele não tenha a mesma repercussão com seus discos próprios. No último dele, tive um pouco esse déjà vu a que você se refere, mas o trabalho é bom -- e, no entanto, passou batidaço.

Você me pergunta sobre o novo do Chico Buarque, e eu olho em volta pra ver se não tem nenhum (ou nenhuma, o que é mais provável) fã daqueles arraigados, que vá querer me bater. Você sabe, fazer ressalvas ao Chico é temerário. Bom, deste assunto nós tratamos por aqui em algum momento: eu já ouvi esse disco, e melhor, no passado. Há algo estranho quando os melhores discos de um artista começam a ser os ao vivo. E é este o caso do Chico, cujo último álbum realmente interessante foi Paratodos -- que é de 1993, há quase vinte anos! Não que os últimos trabalhos tenham sido ruins, sabe? Mas eu ouço, acho bonito, e tal, mas fico naquela: e aí? 

Não acho que renovar-se deva ser uma obrigação do artista, mas a verdade é que essa mesmice, por mais bem realizada que seja, acaba me causando uma certa indiferença. Quem são, hoje, os medalhões cujos novos discos eu aguardo com ansiedade, aqueles que, quando anunciam um novo projeto, eu fico de olho na data de lançamento? De cabeça, os que me vêm de imediato são Ney Matogrosso, Caetano Veloso e Adriana Calcanhotto. Justamente três que sabem transitar por várias frentes, sem parecerem esquizofrênicos. Três que, a cada disco, entregam algo diferente, sem perderem a identidade ou soarem como passageiros temporários da modinha do momento. Taí, te devolvo a pergunta: quem são os artistas brasileiros que, quando anunciam um disco novo, você fica esperto?

Lá de fora, ainda que por razões distintas, um desses artistas seria a Amy, que me deixou triste quando morreu. Tudo bem que era pedra cantada, mas sabe quando você tem como certo que algo ruim vai acontecer, mas, mesmo assim, quando acontece, você não consegue evitar uma pontinha de tristeza? Pois então. Espero que lancem o material inédito que ela vinha gravando. A moça ainda tinha muito pra dar, como prova a gravação que ela fez com o Quincy Jones de It's My Party.

Falando em cantoras, descobri Florence + The Machine, e gostei. Às vezes me lembra Cranberries, mas é diferente. Me soou fresco, novo. Outra, esta brasileira, que me chegou ontem, é uma moça chamada Ana Cristina, que está lançando seu primeiro disco, chamado Acaso. Escutei rapidamente ontem, em meio a outros afazeres, e achei bonita a voz. O interessante, no caso, é que ela já aparece com um trabalho de compositora (só uma faixa, Dindi, não é dela), em vez de ser mais uma intérprete entre as milhares que aparecem a cada dia.

Ainda sobre descobertas, esta semana me senti o mais ignorante dos seres humanos ao topar com Steely Dan, de quem conhecia algumas músicas, mas nunca tinha associado à banda. Cheguei no grupo via Donald Fagen, um dos seus fundadores, de quem pesquei o primeiro (e bom) disco solo. Aí entrou em ação essa maravilha que é a internet e pronto, cheguei ao Steely Dan -- que, depois vim a descobrir, tem quatro discos entre os 1001 daquele livro com os álbuns que você deve ouvir antes de morrer.

E o Miles, hein? Vai à exposição?

Fico por aqui.

Abração,

R.

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