quarta-feira, 24 de agosto de 2011

F.N.,

Eu não gosto de falar essas coisas porque, sei lá, tem uns medalhões de quem é meio feio desdenhar (ou mesmo parecer que está desdenhando). E não é que eu tenha algo contra... Mas a verdade é que, sim, você está certo, qual foi o último disco do Milton, de verdade? Não que os mais recentes tenham sido ruins, pelo contrário -- vide o dele com os Belmondo (gosto bastante) e o com os Jobim (idem). Mas foram visitas a repertórios conhecidos, e sempre "Milton + alguém". Este último é meio aguado. Crooner é interessante, mas ouvi uma meia dúzia de vezes, se isso, e só. O que é uma pena, porque o Milton é um talento monstro, inegável. Enfim, o fato é que, de um tempo para cá, eu sempre volto ao Clube da Esquina.

Mas você rodou, rodou e não me respondeu: nos últimos tempos, quem são os artistas brasileiros de quem você realmente aguarda o próximo disco?

Dia desses chegou na redação o disco de uma menina chamada Laura Rizzotto (nome curioso, mas é isso mesmo). Consta que é a nova aposta da Universal. Brasileira, 16 ou 17 anos, gracinha, fotogênica. Em outros tempos, ficaria dentro do plástico, pegando poeira. Mas como eu me prometi, depois da última limpeza de discos, escutar pelo menos um pouco de tudo que me cai nas mãos, coloquei pra rodar. O estilo não é, absolutamente, a minha praia, mas não é que é um pop adolescente beeeem digno? O que me chamou a atenção, no entanto, foi a voz -- nada excepcional, mas inteiramente diversa daquilo que eu esperava ouvir, considerando a idade da moça e as fotos no encarte. Adoro quando isso acontece. E o bacana é que tem a chancela do Eumir Deodato, que ela conheceu via Facebook (ah, as novas gerações), e acabou arranjando uma das faixas do álbum e fazendo uma participação especial.

E o Prince, puta mico, hein? Não me lembrava disso, mas parece que ele havia cancelado um show por aqui em 2001. Com essa, não sei, não, mas acho que ninguém mais se arrisca a fechar algo com ele aqui no Brasil... Falando nele, diz aí: Prince te fala alguma coisa?

Migrando para o erudito, fui ver a abertura da temporada da Orquestra Sinfônica Brasileira, e sei que você foi no concerto seguinte. Estou longe, muito longe de ser um entendido no assunto, de modo que o que posso dizer vem da minha percepção da reação da plateia -- e, por este critério, a OSB foi aprovada. Achei a primeira parte meio pálida (impressão reforçada por uma diminuição de 85 músicos, do ano passado, para quase 60, neste?). Mas depois do intervalo a orquestra pareceu ter ganhado confiança, e fez bonito na Sinfonia Nº 1. Diga-se, com o inestimável auxílio do Lorin Maazel, um gigante.

Comecei a ler Escuta Só, do Alex Ross. E, pombas, dá até uma certa vontade de parar de escrever sobre música para todo sempre. Quanta erudição, sem qualquer sombra de pedantismo!

Ainda não vi a expo do Miles. Contaí.

Abraço,

R.T.

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