quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Filho,

Sabe quando as pessoas falam que não há tempo para mais nada? Pois é, está acontecendo comigo, e não é modo de dizer. No tempo que me sobra, o que falta é cabeça pra sentar a bunda e escrever uma resposta. Mas vamos lá.

Começo pela notícia mais fresca: o R.E.M. acabou!!! Olhando em retrospectiva, me pergunto se eles já não queriam encerrar na época de Around the Sun, disco meia-boca dos caras, e resolveram esticar um pouco para lançar dois ótimos álbuns, Accelerate e Collapse into Now. Tipo "não, não vamos acabar agora, com esse disco mais ou menos. Vamos sair por cima", manja? O R.E.M., acho que já te contei isso, me fisgou com dois clipes: o de Losing my Religion e o de Shiny Happy People. E não parei mais. De banda de rock, talvez seja aquela que eu tenho mais CDs (de verdade!) em casa. Gosto do modo como eles se tornaram gigantes, popstars, mesmo, sem perder uma certa pegada indie. Nisso, aliás, os caras foram pioneiros: abriram a porteira para que esse caralhau de bandas indies que a gente vê hoje começasse a tocar na MTV e encher festivais. Recupere o tempo perdido, vá atrás de Automatic for the People, de New Adventures in Hi-Fi, de Reveal -- e, claro, de Out of Time, o divisor de águas. Depois, volte um pouquinho mais no tempo até Green, o primeiro deles pela Warner (de chicletes estranhos como Pop Song 89 e da foda Orange Crush. E, depois disso, volte ainda um pouco até a fase mais roots dos caras, até o primeiríssimo Murmur.

Estive na expo do Miles. O que dizer? Estupenda, e isso nada (ou pouco) tem a ver com o fato de eu gostar tanto de jazz. Meu pai, por exemplo, que não tem nenhum interesse específico, saiu de lá bestificado. Fiquei tentando imaginar o trabalho de montar aquela estrutura toda. E, como você já havia observado, o modo como o som se insere na exposição, quase como se ele interagisse com os objetos, mesmo... Muito, muito bom. Gostei muito, também, daquelas pinturas que foram usadas em Bitches Brew, mas nos seus tamanhos originais. E me deu vontade de rever Ascensor para o Cadafalso, do Louis Malle. Você viu?

E, voltando ao nosso new soul (há quanto tempo já falamos disso, hein?), o que você achou de Sabrina Starke? Achei bem bom, ao contrário do novo da Joss Stone, indeciso entre o rock e o soul. E como grita, a moça. Como se alcance vocal fosse voz. Como diria o Paulo Francis, pfui.

O jazz/blues tem rolado bem em casa. Recebi um ótimo da Ella Fitzgerald, com gravações dela para a BBC. Caracoles. Como cantava, a mulher. Tem um DVD também, que ainda não vi. E gostei muitíssimo do registro do show de Wynton Marsalis e Eric Clapton. Cada um à sua maneira, dois conservadores musicais, mas que tocam pracas, escoltados por uma ótima banda. Corra atrás e preste atenção no arranjo que fizeram para Layla, quase marcha fúnebre. Tirando esta, todo o repertório é de blues clássicos, mesmo. Tenho achado boas essas parcerias do Wynton, primeiro com o Willie Nelson e depois com o mesmo Nelson e com a Norah Jones, tocando Ray Charles. Como disse o Serjones, é uma boa solução para ele, que toca muito, mas não parece ter ideias para um disco próprio -- como o jazz, para ele, morreu nos anos 70, talvez ele não se sinta digno de produzir algo novo, mas apenas de reverenciar o que já foi feito.

Por hoje é só, pe-pe-pessoal.

Abração,

Eu

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